sexta-feira

A Força das Palavras

As palavras possuem muita força, não tanta como os gestos, mas são capazes de muito. Não costumo recorrer aqui ao registo pessoal de primeira pessoa, mas na origem desta publicação estão acontecimentos que testemunhei durante esta semana.
Uma pessoa de quem gostava e admirava muito foi capaz de recorrer às palavras mais desumanas e cruéis, sem qualquer desvelo pelas suas consequências. E outra pessoa, uma senhora que estimo muito e também admiro, foi capaz de tecer o melhor e maior elogio, num gesto que me deixou sem palavras. 
Não há coincidências: de um lado palavras que desconstroem, de outro palavras que constroem; umas tiram força, outras dão força. As palavras conferem sentido e natureza às pessoas e não podem ser usadas de forma desataviada ou irrefletida, porque envolvem e podem persistir na memória. Podem mudar e influenciar.
Estamos em permanente estado de renovação, ou pelo menos devíamos estar, se aprendermos a evoluir com os nossos erros e os acontecimentos triunfantes. Contudo, temos de aceitar a diferença de quem assim não quer estar ou esperar retornos inesperados. Há pessoas que não estão à mesma altura do que lhes damos porque (ainda) não estão preparadas ou porque simplesmente os seus princípios regentes são diferentes dos nossos. Há pessoas que surpreendem e acrescentam muito à nossa vida, mesmo sem dar por isso, e que partilham dos mesmos valores.
Pelo meio, os acontecimentos podem ser cultivados por gestos ou por palavras, ou ambos, mas seja como for há palavras que se podem tornar lendárias. Com "Sensibilidade e Bom Senso" é talvez a melhor maneira de as servir.
Sofia Martinho

Fonte Barco de Água em Playa de la Malvarrosa, Valência, Espanha

"O nosso coração é um cais
 de chegadas e partidas. 
E em algumas,
porque a mágoa foi maior, 
não há sequer um lenço a acenar
um terno e grato adeus."



de Henrique Manuel 
( retirado de O lago e a princesa 
em Mas Há Sinais)

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